Cansada eu já estava, sentia meus
pés molharem-se no mar, andava na areia da praia, a noite estava prestes a
chegar, o vento estava suave, era possível ouvir o barulho do mar, as ondas
estavam inquietas e a praia a minha volta já estava deserta. A solidão era tão
intensa que eu quase podia tocá-la, não restava mais nada depois de um dia de
muito sol. Antes eu via crianças brincando na areia, meninos jogando bola, pais
atrás de seus filhos que corriam, brincavam, se perdiam pelo mar, gente
bebendo, comendo, caminhando, mas agora não restava nada, nem ninguém, apenas o
vazio da praia, apenas essa tal solidão. Pus-me a pensar e pude perceber que
antes a praia estava lotada, mas a solidão já estava aqui, porque eu a queria
aqui, eu a fiz ficar, não sei por qual motivo eu a fiz ficar, queria que ela
estivesse por perto, e eu não achava que fazendo isso eu estava certo, mas
talvez o tempo fizesse tudo se acertar. Deitei-me na areia, queria ver a noite
chegar, nem a solidão estava mais por perto, já não havia mais forças para me
levantar, foi quando, finalmente, pude ver você em minha direção caminhar,
caminhava a passos lentos, o vento te tocava, sentia chegar cada vez mais perto
o seu cheiro, e eu repetia baixinho para mim que eu não mais te amava. Chegou e
me olhando sem nada dizer, tudo bem, nem precisava, entendeu-me a sua mão,
enquanto eu apenas te olhava. Você sorria, o seu sorriso desde sempre me
encantava, sentia dentro do peito meu coração batendo acelerado, não entendia o
que você fazia ali, um filme passou com minhas memórias, e imaginando-me
sofrendo tudo outra vez eu apenas levantei e com lágrimas nos olhos fui embora.
Carolina Trentino
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